O livro de Enoque, assim como o personagem que dá o nome ao livro, é uma questão polêmica e misteriosa da Bíblia. Esse livro não faz parte do cânone sagrado cristão mais tradicional, mas faz parte do cânone bíblico etíope.
De modo geral, o que se sabe sobre Enoque, de acordo com as Sagradas Escrituras, é que ele descende da sétima geração de Adão e, da mesma forma que Abel, ele adorava a Deus e andava com Ele. Sabe-se ainda que Enoque era ancestral de Noé e seu livro seria composto por algumas profecias e revelações.
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Composição e conteúdo
A princípio, estima-se que a composição inicial continha informações como os nomes em aramaico dos vinte chefes dos anjos caídos. Além disso, relatos originais do milagroso nascimento e Noé com semelhanças com Genesis Apócrifo. Curiosamente, traços desses textos estão presentes no livro de Noé, com adaptações e mudanças sutis.
Além disso, ainda haveria no Livro de Enoque relatos sobre a formação do Universo e a criação do mundo. Em especial, existe uma história sobre como, na origem do Universo, cerca de duzentos anjos, considerados os Sentinelas do Céu, desceram à Terra. Logo em seguida, casaram-se com as mais belas mulheres dentre os seres humanos. Posteriormente, as ensinaram todos os sortilégios e truques, mas também como manusear o ferro e o vidro.
Ademais, relatos sobre a criação dos seres humanos como seres inferiores na natureza e os desafios de sobrevivência contradizem as teorias bíblicas. Basicamente, de acordo com esses textos o homem não seria a criação máxima de Deus.
Sendo assim, as mulheres tornaram-se indivíduos trapaceiros, vingativos e promíscuos por conta dos anjos caídos. Além disso, passaram a criar os escudos e armas para os homens, desenvolvendo a medicina a partir das raízes. Ainda que inicialmente fosse visto como algo bom, essas habilidades consideradas naturais passaram a ser vistas como bruxaria na Idade Média.
Por outro lado, a união carnal entre mulheres e Sentinelas originou gigantes canibais que quase causaram o fim do mundo. Portanto, coube a uma legião de anjos do céu enfrentá-los e derrotar os monstros. Por fim, capturaram os Sentinelas e os aprisionaram distantes de suas amadas.
Por que o livro de Enoque não é considerado um cânone da Bíblia?
O livro de Enoque foi editado em meados do século III a.C e não considera-se que nenhuma das Sagradas Escrituras canônicas judaicas ou cristãs – do Antigo Testamento – tenham sido a inspiração desse livro. A única vertente que admite o livro de Enoque em suas escrituras mais remotas é a dos coptas – que são os cristãos egípcios com sua própria denominação ortodoxa.
Mesmo que nos escritos judaicos até o fim do século I d.C. não tenham menções ao livro de Enoque, acredita-se que exista uma certa influência dele, devido à existência de anjos caídos e gigantes. Dentre os judeus, existia um grupo denominado Quram, que detinha diversos escritos bíblicos, inclusive, o livro de Enoque. No entanto, ainda se discute a validade dos documentos desse grupo como autênticos ou não, já que eles contam com influência de outras culturas, como fariseus e caduceus.
A maior ‘evidência’ da legitimidade do livro de Enoque está na epístola de Judas (versículos 14-15): “Para estes também profetizou Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: Eis que veio o Senhor com os seus milhares de santos, para executar juízo sobre todos e convencer a todos os ímpios de todas as obras de impiedade, que impiamente cometeram, e de todas as duras palavras que ímpios pecadores contra ele proferiram.”
Mas mesmo com essa ‘documentação’ ainda não existe uma comprovação, visto que isso não significa necessariamente que o livro tenha sido escrito por meio da inspiração divina.
Quem foi Enoque?
Enoque é filho de Jarede e pai de Matusalém, fazendo parte da sétima geração depois de Adão e ficou conhecido como escriba do julgamento nas tradições judaicas e cristãs.
Ademais, de acordo com a tradição escrita hebraica chamada de Tanakh e relatada na Gênesis, Enoque teria sido tomado por Deus. Basicamente, foi poupado da morte e da ira do dilúvio, mantendo-se ao lado do Divino eternamente. Contudo, esse relato permite interpretações diversas sobre imortalidade, ascensão aos céus e canonização.
Ainda que o texto utilize expressões que afirmem que Enoque salvou-se por meio da bondade de Deus, há uma interpretação na cultura judaica de que ele originou o tempo do ano. Ou seja, porque viveu 365 anos de acordo com os livros religiosos, teria sido o responsável por determinar a passagem dos calendários.
No entanto, no capítulo 7 e 8 do Livro de Moisés existe uma passagem chamada Pérola de Grande Valor. Em resumo, essa escritura dos Mórmons conta a história bíblica de Enoque com mais detalhes. Sendo assim, ele somente se tornou companheiro de Deus após cumprir sua missão original como profeta.
Comumente, a narrativa faz parte da história de Jesus Cristo em seus últimos dias na Terra. Portanto, Deus haveria convocado Enoque para pregar sobre arrependimento ao povo, o que o deu a fama de vidente. Por outro lado, a presença do sermão de Enoque ainda o narra enquanto uma personalidade influente, considerado o líder do povo Sião.
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Fontes: History , Medium, Got Questions.