Os gatos são animais associados ao espírito livre e selvagem, portanto, a maioria das pessoas não acredita que esses animais de estimação possam ser adestrados. Para entender como adestrar gatos, é preciso conhecer a natureza dos felinos e as particularidades de cada animal.
Frequentemente, associa-se o adestramento somente aos cães, mas a realidade mostra que os gatos também podem aprender novos comportamentos. De fato, adestrar gatos é um processo mais trabalhoso, mas que gera bons resultados.
No geral, isso acontece porque o comportamento e temperamento dos gatos difere dos cães, principalmente no que diz respeito ao tempo de foco. Entretanto, utilizar as ferramentas certas pode transformar a convivência com o seu felino.
Diferenças entre adestrar e educar
É comum que as pessoas pensem que adestramento e educação são o mesmo processo, mas na realidade não é bem assim, sobretudo quando se pensa em como adestrar gatos e bichos de estimação. Resumidamente, os dois termos tem finalidades diferentes.
A educação age para que o animal aprenda a se comportar, por exemplo, como brincar sem te morder ou arranhar. Nesse sentido, é ensinado comportamentos gerais e cotidianos, principalmente por meio da interação. Dessa forma, a educação está associada à convivência e à troca de experiências.
Por outro lado, o adestramento é um treinamento de reações a estímulos. Ou seja, consiste em condicionar o seu animal por meio da repetição. Sendo assim, é um processo mecânico, onde as ações existem por causa da recompensa obtida como consequência.
Nesse sentido, no adestramento é fundamental que as recompensas estejam presentes, sejam elas petiscos ou comidas especiais no caso de como adestrar gatos. Em contrapartida, na educação, esse reforçador por meio da recompensa não é necessário, mas pode existir.
É mais difícil que adestrar cães?
Essa é uma pergunta comum, mas a ciência explica que as diferenças na forma de como adestrar gatos e como adestrar cães existem pela natureza desses animais. No geral, a fisiologia dos gatos é diferente que a dos cães, mas o comportamento e as reações também divergem entre os animais.
No geral, o adestramento de gatos é mais trabalhoso porque essa é uma espécie com histórico distinto em relação aos cães. Em outras palavras, os cães são animais que foram domesticados há séculos, o que moldou a cognição e o comportamento desses animais com o tempo.
Desse modo, os cães agem dentro de um contexto mais natural de socialização com os seres humanos. Além disso, apresentam uma mente mais adaptável, pois estão acostumados com o sistema de aprendizado por reconhecimento e recompensa.
Por outro lado, os gatos são espécies que foram domesticadas tardiamente na história da humanidade, com uma função específica de afastar roedores e insetos. Ou seja, desde o início do relacionamento com os seres humanos, os gatos agem de forma instintiva e possuem hábitos próprios.
Por isso, esses animais ainda não apresentam cognição e reconhecimento de sistemas de aprendizado, como os cães. Além disso, é importante lembrar-se que o adestramento desses animais tende a ocorrer depois que sua personalidade e hábitos estão desenvolvidos, podendo tornar o processo desafiador.
Sendo assim, é mais difícil adestrar gatos, mas não é impossível desde que se compreenda como funciona o processo.
Como adestrar gatos funciona?
Especialistas explicam que os animais agem segundo reforçadores, ou seja, atitudes que reforçam um ganho positivo. Sendo assim, a forma com que eles interpretam nossas ações pode ser diferente da nossa.
Por exemplo, quando você vê seu gato tomando água da pia e grita com ele, mas o pega no colo para tirá-lo de onde está, é possível que ele entenda isso como um reforço positivo. Isto é, o fato de você ter dado atenção e alguma forma de carinho no processo de retirá-lo da pia faz com que o gato entenda que fazer aquilo é algo bom.
Do mesmo modo, quando você atende aos miados do seu animal de estimação e sempre coloca comida para ele, fica entendido que o ato de miar repetidamente o trás comida. Sendo assim, o animal continua com essas ações naturalmente, de modo que estes virem comportamentos adquiridos com o tempo.
Geralmente, é difícil para os donos conviverem com o temperamento de seus animais, mas a maioria das pessoas não está consciente de como funciona esse processo a um nível comportamental e fisiológico. Por isso, acredita-se que é mais difícil adestrar gatos.
Na realidade, da mesma forma com que reforçadores negativos são criados, é possível criar reforçadores positivos. Sendo assim, compreender os hábitos, comportamentos e características da espécie do seu animal é suficiente para adaptar as técnicas e entender como adestrar gatos da melhor forma.
Benefícios do adestramento de gatos
O adestramento de gatos auxilia na modificação de comportamentos inadequados, principalmente os agressivos e repetitivos. Desse modo, ainda é possível criar um repertório comportamental que eduque seu gato enquanto reações aos estímulos cotidianos, mas aos inesperados também.
Mais ainda, adestrar gatos estimula instintos naturais e tira o felino de hábitos sedentários, aumentando sua disposição e saúde. Além disso, quando o dono trabalha no processo de adestramento, é possível estreitar os laços com o animal de estimação e criar mais confiança no relacionamento.
No entanto, as formas de como adestrar gatos variam de acordo com a espécie e seus comportamentos. Sendo assim, os benefícios e resultados tendem a variar, sobretudo quando se leva em conta as técnicas adotadas.
Como adestrar gatos do jeito certo
O adestramento de gatos não precisa ser um processo agressivo ou arriscado para as partes envolvidas, mas é necessário saber os métodos corretos para minimizar os riscos. Além disso, o respeito por essa técnica transforma o processo em algo divertido para todas as partes envolvidas.
Ao contrário do que se pensa, os borrifadores de água ou instrumentos com barulhos agudos são inimigos para entender como adestrar gatos. Resumidamente, esses materiais causam grande estresse e irritação no felino, podendo ter o efeito contrário do que o esperado em seu comportamento.
Ademais, recomenda-se que seja evitado a manipulação física, ou seja, forçar o animal a obedecer àquele estímulo. Desse modo, é possível evitar que o animal interprete suas ações como ameaça, mas também o estimula a agir por conta própria.
Nesse sentido, para se evitar acidentes e maiores problemas indica-se alguns procedimentos:
1) Trabalhe com prêmios e motivações
Aprender a como adestrar gatos envolve ter os reforçadores positivos como grandes aliados, principalmente porque eles a aprendizagem dos comportamentos. Desse modo, dar prêmios valiosos ao seu felino pode aumentar o tempo de foco e fazer com que o processo seja mais fácil.
Entretanto, é importante que o prêmio oferecido seja algo especial, ou seja, algo que ele ganhe somente nas sessões e treinamentos. Pense em algo realmente valioso para ele, guarde com cuidado e não se esqueça de usar quando for ensiná-lo.
Ao invés de adotar carícias e a ração tradicional, invista em comidas especiais e petiscos diferentes que ele não esteja acostumado, mas que goste muito. Ademais, vale lembrar que os gatos são animais com o paladar mais específico, então faça testes e veja o que o seu animal aceita.
2) Utilize de comandos gestuais e verbais
No geral, os gatos têm mais facilidade em seguir comandos visuais do que verbais. Nesse sentido, pense primeiro em como adestrar gatos pelo gesto, e depois parta para o verbal.
Nesse sentido, o comando visual é adquirido quando o felino acompanha seus movimentos com atenção, mas a introdução do comando verbal precisa ser um complemento. Sendo assim, pense em estímulos auditivos simples, como uma palavra curta e clara, mas que não seja usada sempre no seu cotidiano para não confundir o animal.
Ademais, busque expressões que possam ser ditas na mesma tonalidade e adote-a como referência para tal condicionamento. Ou seja, se você utiliza a palavra “senta” para orientar o seu gato a sentar, mantenha a entonação somente para essa ação e adote-a sempre que a palavra for utilizada nas sessões.
3) Trabalhe com sessões curtas
A melhor forma de aprender a como adestrar gatos continua sendo respeitar a natureza desses animais. Como o tempo de foco dos felinos é mais curto, ou seja, eles ficam desatentos com mais facilidade, as sessões de adestramento devem ser curtas e possuir pausas.
No geral, os especialistas indicam que elas não podem passar de 15 minutos, mas devem acontecer com frequência ao longo da semana. Além disso, orienta-se que a sessão seja encerrada antes que o seu gato comece a te ignorar ou se distrair com outros estímulos.
Nesse sentido, é indicado que as sesssões de adestramento aconteça em ambientes tranquilos, de modo que seu gato permaneça atento. Por outro lado, é importante que seu felino seja estimulado a continuar prestando atenção em você durante a sessão.
Ademais, recomenda-se que as sessões sejam encerradas pelo adestrador, e não pelo gato. Desse modo, é possível evitar que crie-se algum reforçador negativo durante os treinos.
4) Conheça seu pet como a ti mesmo
Como adestrar gatos é sinônimo de como se relacionar com o seu felino, pois o processo de adestramento envolve confiança e convivência com seu animal de estimação. Nesse sentido, é importante entender a natureza do seu animal, mas também tentar entendê-lo em suas especificidades.
Cada detalhe importa na forma com que o aprendizado vai ser adquirido. O seu gato é mais velho ou mais novo? Ele tem algum tipo de doença crônica? Existem limitações físicas ou desafios na personalidade?
No geral, cada caso é um caso, e precisa-se considerar essas questões nas escolhas feitas para o adestramento. Entender como os gatos se sentem diante dos estímulos faz das sessões menos estressantes, além de evitar com que algo pensado para o seu bem estar cause efeitos negativos.
Dicas práticas sobre como adestrar gatos
Seguindo os procedimentos orientados anteriormente, é possível aprender a como adestrar gatos em casa, usando truques simples. Como explicado anteriormente, esse processo existe paciência e respeito à natureza do felino, mas pode ter benefícios a longo prazo.
Confira alguns truques para adestrar o seu gato:
1) Sentar
Conhecido como um dos mais fáceis para os felinos, esse truque demanda somente um petisco e a dose certa de paciência. Primeiramente, atraia a atenção do gato para o petisco e abaixe-o até que ele se sente.
Caso o gato não se sente, repita o gesto até que o faça. Além disso, você pode dizer “senta” com uma boa entonação e ofereça um petisco como recompensa assim que ele o fizer.
Mais ainda, faça algum tipo de carinho e elogie o comportamento. Feito isso, basta repetir o mesmo processo até que seu gato aprenda sem precisar do petisco.
2) Deitar
Agora que ele sabe sentar, o próximo passo é ensiná-lo a deitar. No geral, esse truque serve para que seu gato aceite carícias na barriga, mas também para outras brincadeiras.
Nesse sentido, esse é um truque que também demanda um petisco. Após fazê-lo sentar, atraía a atenção do felino para o petisco.
Logo em seguida, abaixe-o de forma com que ele acompanhe, mas ainda não dê o petisco. Ademais, é possível usar o reforçador verbal “deita” com a entonação correta para estimulá-lo a deitar-se, caso ele não faça naturalmente. Assim que ele se deitar, dê o petisco e ofereça elogios positivos.
De modo semelhante ao truque de sentar, seu gato irá aprender a fazê-lo por meio da repetição, até que não seja necessário o petisco.
3) Girar em torno de si mesmo
Um dos truques mais fofos e divertidos, essa é outra técnica que demanda o reforçador positivo do petisco. Em primeiro lugar, gire sua mão sobre a cabeça do gato enquanto segura o petisco.
Além disso, é possível que você repita o gesto até que ele compreenda o que você quer. Por outro lado, você ainda pode fazer gestos de círculos ou voltas, mas esteja ciente de que ele está prestando atenção.
Nesse sentido, faça o possível para manter a concentração do gato até que ele realize a ação. Para isso, indica-se que se mantenha o petisco na mão e o faça visível. Porém, é importante pensar nos descansos e fazê-los longos de acordo com as respostas do animal.
4) Dar a pata
Quem vê um gato colocando a pata na mão do dono não resiste à fofura, mas esse é um truque relativamente simples. Primeiramente, é importante repetir o mesmo processo de pegar o pestico e segurá-lo um pouco acima da cabeça do felino.
Desse modo, ele concentra-se na recompensa e em suas ações. Em seguida, espere que ele levante a pata para pegar o petisco. No entanto, ao invés de deixá-lo pegar você irá colocar sua mão no lugar e encostar levemente na pata erguida.
Além disso, é possível usar o estímulo verbal “dê a pata” para orientá-lo nas ações. Assim como nos outros passos, ofereça o petisco assim que ele realizar a ação, lembrando-se também de elogiá-lo de alguma forma.
Com um pouco mais de treino, é possível que a ação torne-se automática.
5) Pegar um brinquedo
Os vídeos de felinos pegando brinquedos e devolvendo aos donos são de derreter o coração, mas quem tem um gato sabe que na prática não é fácil assim. No entanto, é possível condicioná-lo a devolver o brinquedo sem muita dificuldade.
Ao invés de usar o petisco como reforçador, pegue o brinquedo favorito e atraía sua atenção. Logo em seguida, lance o brinquedo e deixe com que ele pegue. Além disso, você pode usar o reforçador verbal “pega”.
A princípio, é provavel que o gato não retorne com o brinquedo. No entanto, é possível repetir a ação até que ele o faça, ou estimulá-lo com petiscos até que a ação torne-se natural.
Mas e se meu gato não aprender nenhum truque?
No geral, os gatos são animais com personalidade forte e hábitos específicos. Nesse sentido, é possível que seu animal de estimação não aprenda nenhum truque mesmo que você estude como adestrar gatos.
Entretanto, esse é um processo natural dos felinos, pois a maioria desses animais tende a fazer somente o que deseja. Apesar disso, não há a necessidade de se preocupar com a existência de algum problema ou complicação, porque na maioria dos casos é uma questão de personalidade animal.
Caso o seu gato não queira ser adestrado, trabalhe ao máximo para evitar reforçadores negativos de comportamento. Para isso, aprenda sobre os hábitos do felino, mas também como você pode mudar com ele dentro da convivência.
E aí, gostou de aprender sobre como adestrar gatos? Então leia sobre Bicho-folha, o que é? Origem, espécie e características.
Fontes: Perito Animal | Petz | Canal do Pet | Patas da Casa | National Geographic | Meus Animais | Quora
Imagens: Pexels | Perito Animal | Canal do Pet | Meu Pet | Petlove | Pinterest | All About Cats | Xtrafondos | Blog Petix | Freepik | Opiniões Certificadas e Petz.